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Mega, nuvem de Kim Dotcom, não tem nada de supersegura, dizem especialistas




Criptografia é a mesma que de outros serviços protegidos na web e termos de política de privacidade também não são diferenciados

Kim Dotcom, fundador do Megaupload, apostou agora na oferta de um serviço de nuvem do tipo do Dropbox e Google Drive, com incríveis 50 GB gratuitos para qualquer um que quiser se cadastrar. Além do farto espaço, a promessa do executivo, acusado pelo governo norte-americano de enriquecer às custas da pirataria online, é a de supersegurança dos dados armazenados. Mas, de acordo com especialistas entrevistados pelo IT Web, não há nada de diferente na promessa de proteção apregoada pelo serviço.

No “Sobre nós”, o Mega é definido da seguinte forma: “somos um dedicado grupo de tecnólogos ao qual foi dado o tempo, oportunidade e acesso à internet para construir um serviço de storage em nuvem incrível que vai ajudá-lo a proteger sua privacidade. Programamos esse serviço do nada em Auckland, Nova Zelândia. Diferentemente da maior parte de nossos competidores, usamos tecnologia de criptografia de browser do ‘estado da arte’ onde você, e não a gente, controla as chaves”. 

“Eu li os termos de privacidade não há nada diferente das demais”, pontuou Ricardo Castro, membro consultor da Comissão de Ciência e Tecnologia da OAB-SP. “Quando você está com sua conexão com um banco, e ele lhe fornece uma chave criptográfica para fazer uma transação segura, qual a diferença de quando você usa um serviço como Google Drive e Dropbox? Nenhuma, porque você estabelece essa senha e tem uma conexão segura. A única diferença com o Mega é que você tem a chave”, comparou. Outro ponto: não importa o nível de criptografia, caso o governo requeira as informações que estão nos servidores da companhia, ela é obrigada a conceder os dados. “Se o governo achar que você tem um arquivo que financia o terrorismo, que envolve pedofilia ou é pirata, tem o direito de requerer esses conteúdos. De nada adianta ter uma supercriptografia”, contou. 

No que diz respeito à privacidade, o Mega também não oferece nenhum diferencial, segundo Castro. Apesar de afirmar que não há venda de informações, a análise do comportamento do usuário é feita como em outros serviços do tipo, o que garante a oferta de publicidade direcionada com o perfil de arquivos consumidos e compartilhados pelo usuário. “Não existe nada realmente grátis. Alguma coisa a empresa quer em troca”, ponderou. 

Além disso, a companhia elenca situações que garantem a transferência dos arquivos no caso de algumas situações, tais como a venda dos ativos. “Para mim, isso [a superproteção] é mais barulho do que qualquer outra coisa”, ponderou. 

Pontos de atenção do cliente corporativo 

Edison Fontes, Security Officer, orientador acadêmico e consultor, chama a atenção para o fato de que serviços de computação em nuvem do tipo Mega ou Dropbox são ótimas ferramentas colaborativas, porque facilita a comunicação em projetos e permitem a interação dos funcionários sem a necessidade de uso de e-mails pesados com várias versões do mesmo arquivo. 

Contudo, o especialista pontua que mesmo diante da promessa não confirmada de supersegurança instaurada por Dotcom, as empresas precisam tomar uma decisão muito clara antes de embarcar em uma estratégia do tipo. 

“Uma coisa é tratamento comercial outra coisa é o departamento de pesquisa de uma empresa farmacêutica que guarda os resultados de anos de pesquisas em uma nuvem fora de casa”, alertou. Contudo, o executivo considera que também de nada adianta manter esses processos dentro de casa e não criptografar e-mails que tratam sobre o tema. 

Outro ponto, na visão de Fontes, a ser considerado em caso de nuvem é a questão da disponibilidade. Mais uma vez, entram arquivos críticos: aquilo que é de extrema importância jamais poderá ficar em um ambiente onde não há garantia total de permanência no ar. “E pode haver todos os controles, mas é importante sempre ter atenção ao fator humano, que executa essas funções e é passível de erros”, comentou. 

Por fim, Castro faz um adendo: a decisão de ir para a nuvem tem que ser tomada com muito cuidado e parcimônia. “Essa é uma decisão que não tem volta. Não dá para migrar, depois de arrepender e querer fazer o download de volta para dentro de casa”, finalizou.

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